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  • Publicado em 8 de dezembro de 2023
  • por: Mariana Rodrigues
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Projeto Em-baixa-dores compartilha o riso e as artes circenses com mais de 1,2 mil crianças e professores só em 2023

Criado em 2022, pelos Palhaços Sem Fronteiras Brasil, o projeto já atendeu diretamente mais 6,8 mil pessoas, com formações online e 58 atividades presenciais que geraram R$ 98,2 mil em renda  em cinco estados pelo país

Difundir as artes circenses em um país de dimensões continentais como o Brasil é, ao mesmo tempo, um desafio e a grande inspiração do Projeto Em-baixa-dores. Criado em 2022 por artistas dos Palhaços Sem Fronteiras Brasil (PSFB), o grupo desenvolve ações culturais para trabalhar com o  riso, a palhaçaria e com as artes circenses nas escolas e comunidades de diversas regiões do país. Nas oficinas, professores e artistas locais também têm acesso a metodologia artístico-pedagógica dos PSFB.

Só no ano passado, 6.835 pessoas (entre crianças, adolescentes e adultos) foram impactadas positivamente com as iniciativas dos Em-baixa-dores, que incluíram 58 atividades presenciais vinculadas aos projetos Japuká (que ocorreu em Dourados, Mato Grosso do Sul); Rastro do Riso (Baixada Fluminense, Rio de Janeiro); Germinando Paz e Arte (João Pessoa, Paraíba); Sementes do Riso (Recife, Pernambuco); Risos sem Fronteiras (Palmas e Turiaçu, Tocantins); além de formações online do curso intensivo Jornada dos Embaixadores.

Com as ações – coordenadas por 8 artistas das regiões atendidas pelo projeto – foi gerada uma renda de R$ 98.282,57 e, acima de tudo, os Em-baixa-dores buscaram fortalecer o princípio do direito ao riso e aprimorar práticas que garantiram um fluxo de aprendizado mútuo e contínuo entre as comunidades e os artistas.

“A vivência de 2022 foi muito rica e contribuiu para que fizéssemos uma reflexão sobre o trabalho que desenvolvemos em nossas localidades. Diante da troca com outros artistas, crianças e adultos, aprendemos muito. A reflexão sobre a prática é um elemento importante para o aprimoramento e dentro desse processo, tenho certeza que saímos todos fortalecidos e cheios de ideias”, comenta Letícia Lisboa, artista e embaixadora do projeto no Rio de Janeiro. 

Para 2023, o projeto abraçou o objetivo de criar espaços de bem-estar dentro das escolas por meio da palhaçaria e das artes circenses. Até outubro, já foram realizadas 29 ações pedagógicas que impactaram 1.280 crianças e professores de diferentes regiões do país.   

Trabalhar com o riso nas escolas: a jornada dos Em-baixa-dores em 2023

Com o intuito de fortalecer ainda mais o vínculo de artistas circenses com as comunidades escolares de diferentes regiões do país e difundir a metodologia dos Palhaços Sem Fronteiras para professores e artistas locais, em 2023, os projetos do grupo seguem ocorrendo a partir de diversas iniciativas multidisciplinares, lúdicas e que levam o riso para as escolas.

“Sendo o ambiente escolar um espaço de convivências que integra a comunidade – e diante do cenário vivido nos últimos tempos no país em que escolas foram alvos de violências – levamos em consideração a necessidade de trabalhar cada vez mais com o lúdico e as artes circenses para criar espaços de encontro e acolhimento, onde crianças, jovens e professores possam trabalhar suas competências socioemocionais”, explica Aline Moreno, fundadora e diretora executiva dos Palhaços Sem Fronteiras Brasil.

No Mato Grosso do Sul, por exemplo, o Projeto Japuká está ativo na Escola Municipal indígena Pa’i chiquito na Aldeia Panambizinho. Ao todo, já foram realizados 5 encontros, com oficinas de teatro, circo, plantio, além de uma apresentação de esquetes e variedades.

O Germinando Paz e Arte, por sua vez, ocorre em três localidades de João Pessoa. Na Escola Estadual de Ensino Médio Integral Professora Liliosa Paiva Leite, de ensino integral, foram promovidas oficinas com o objetivo de estimular a criatividade artística e lúdica no ambiente escolar, além de possibilidades de interação coletiva, diversa e livre.

Já na Comunidade Santa Clara, buscou-se desenvolver habilidades motoras, cognitivas, linguísticas e emocionais em crianças da região, por meio de mecanismos lúdicos de alfabetização e letramento em cooperação com a atuação de práticas circenses e de yoga.

Por fim, na Casa de Apoio aos Imigrantes Venezuelanos, o foco foi promover jogos, intervenções de palhaçaria, oficinas de moda, círculos de diálogo e apresentações de fantoches que conectaram brasileiros e venezuelanos, e reforçaram identidades pessoais. 

Em Pernambuco, o Sementes do Riso ocorreu na Escola Cidadão Herbert de Souza, Santo Amaro, com atividades artísticas para toda a escola e ações formativas para funcionários e crianças, sempre visando a construção do bem estar e de um ambiente de paz entre os membros da comunidade escolar. 

Já o Rastros do Riso, do Rio de Janeiro, traz oficinas brincantes que exploram técnicas circenses e o exercício artístico como possibilidade de se expressar no mundo, com encontros de até duas horas e turmas de até 25 alunos. O projeto contou também com uma aula espetáculo que contemplou educadores em uma interação dinâmica que apresentou a metodologia e o trabalho desenvolvido pelos Palhaços Sem Fronteiras Brasil. As ações ocorreram no Colégio Estadual Graham Bell e na Escola Municipal Carlota Machado.

Propósito e história dos Em-baixa-dores

Criado em 2022, os Em-baixa-dores desenvolveram uma série de ações lúdicas e intervenções visando a transformação social, a criação de culturas de paz e o fortalecimento do direito ao riso. Os projetos foram coordenados pelos artistas Jesse Cabral (RJ), Ester Monteiro (TO), Letícia Lisboa (RJ), Ludmila Lopes (MS), Luís Eduardo Santos (PB), Luíza Fontes (PE), Malu Vieira (PE), Paulo Kuhlmann (PB), Suerda Gabriela (PB).

Um dos destaques do ciclo de ações de 2022 foi a formação online “Jornada dos Embaixadores”, primeiro caminho formativo e colaborativo dos Palhaços Sem Fronteiras Brasil, por meio do qual companhias e artistas estabeleceram um contato imersivo com a metodologia dos PSFB, visando multiplicar espetáculos e oficinas em seus respectivos estados.

Em 5 semanas de formação, foram compartilhados de forma teórica e prática os métodos artístico-pedagógicos utilizados nos projetos dos PSFB, em projetos executados simultaneamente nos estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e Tocantins, cada um com sua qualidade, especificidade de articulação e influência cultural própria.

Outro projeto que ganhou repercussão e envolveu ativamente uma ampla comunidade de artistas, educadores, jovens e adultos foi o “Rastro do Riso”, que contou com uma série de ações artísticas e socioculturais em quatro municípios da Baixada Fluminense: Duque de Caxias, Itaguaí, Belford Roxo e Japeri. 

Como resultado, 17 espetáculos circenses circularam em escolas da rede pública municipal, sedes de grupos, ONGs, coletivos e centros culturais da região. Além disso, foram realizadas 2 oficinas com trilhas educacionais para pedagogia afetiva focadas em contribuir para a saúde mental, regeneração afetiva e melhoria da autoestima de crianças e jovens desta região.

“Se olharmos para o nosso passado, veremos que o riso e as festas são elementos fundamentais para a sociedade, pois eles mantêm nossa humanidade. Vivemos uma sociedade muito violenta, de muitas faltas e exigências – mas nós não somos máquinas; as pessoas sentem física e emocionalmente essas condições adversas. Nesse sentido, o direito ao riso é fundamental para frear o embrutecimento e garantir a sanidade da população”, comenta o artista e embaixador do PSFB, Jesse Cabral.

Já em Dourados, Mato Grosso do Sul, o Projeto Japuká, buscou criar conexões e fortalecer a cena artística de Dourados, levando as artes circenses para comunidades e povos originários da região. O elenco que fez parte do Japuká contou com 2 artistas dos Estados Unidos e 3 artistas do Brasil com ações que facilitaram ainda o acesso de crianças indígenas (comunidades Guarani e Kaiowá) à palhaçaria e ao circo.

Na Paraíba, o “Germinando Paz e Arte”, contou com diversas oficinas e apresentações que buscaram fortalecer a emancipação da comunidade escolar atendida pelo projeto e estimular a criação de espaços seguros para o diálogo e movimentos culturais e artísticos. As ações ocorreram na EMEIEF – Escola Municipal João Monteiro da Franca, em João Pessoa (PB).

Durante as ações, os artistas facilitadores do projeto puderam, junto à comunidade escolar, apresentar e desenvolver a arte na escola, de forma que os alunos tivessem espaço para expressão de suas capacidades estéticas e artísticas, assim como serem estimulados a desenvolver uma cultura de paz no ambiente escolar. Um dos objetivos centrais foi criar caminhos para que os professores tivessem mais ferramentas para iniciar o tratamento de conflitos e o desenvolvimento da escuta e do diálogo.

A aluna Camile Vitória, que vivenciou as ações do projeto na Paraíba, comentou que o Germinando Paz e Arte foi “muito divertido e dinâmico, porque na escola integral são muitas tarefas e os alunos não têm tantos dias para se distrair, e o projeto trouxe bastante animação para o dia a dia escolar”.

Em Pernambuco, os Em-baixa-dores utilizaram a arte circense como ferramenta de transformação social para comunidades periféricas da região metropolitana do Recife que, embora enfrentem sérios desafios ligados ao baixo índice de IDH e dificuldades socioeconômicas, são espaços que pulsam arte e cultura. 

Nesse sentido, espetáculos de palhaçaria, música, acrobacia e malabares foram realizados, com uma proposta que também incluiu o interesse no intercâmbio entre diferentes agentes culturais da cidade, que tiveram acesso à metodologia dos Palhaços Sem Fronteiras para levar alegria a crianças e jovens. 

Finalmente, o “Risos sem Fronteiras”, ocorreu em três regiões distintas de Palmas, Tocantins e contou com oficinas de malabarismo, palhaçaria feminina e a apresentação do espetáculo “Maravilhas do Tocantins”. 

Além de difundir os valores das comunidades e criar identificação entre as muitas mulheres participantes das ações, o projeto teve ainda uma oficina imersiva de dois dias na comunidade quilombola da Barra do Aroeira, na qual também foi realizada uma roda de conversa com mestres da cultura popular local em busca da construção de conceitos relacionados a uma palhaçaria autoidentitária, focada na não-violência na consciência ambiental. 

“Todas as atividades dos Em-baixa-dores ocorrem em cooperação com agentes sociais que conhecem as realidades e dificuldades experimentadas pelas populações atendidas. Em conjunto com esses agentes, somamos esforços para redução de traumas. Por meio de espetáculos artísticos e atividades pedagógicas promovemos o fortalecimento dos vínculos comunitários e sociais que ajudam a fomentar ambientes acolhedores e seguros, essenciais ao suporte emocional”, conclui Aline Moreno. 

 

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